Quantas vezes ouvimos mulheres
reclamando que após a maternidade as dores na coluna tornaram-se frequentes e intensas? O
que muita gente não sabe é que esse desconforto pode se originar da
cicatriz de uma cesariana. Para abordar esse assunto, eu entrevistei a fisioterapeuta
Leilane Paixão, especialista em osteopatia. Ela fala sobre prevenção,
diagnóstico, tratamento, e traz várias informações interessantes. Confira!
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Imagem da Internet |
Ingrid Dragone - Muitas mulheres sentem
dor na coluna após terem filhos e não imaginam que o problema possa ter a ver
com a cicatriz do parto. O que ocorre no corpo para que isso aconteça?
Leilane Paixão - A cicatriz é um
processo de reconstrução tecidual, para que o tecido volte a exercer sua função
pós-lesão, sendo essa lesão cirúrgica ou não. Porém, a depender do processo de
cicatrização de cada pessoa, o tecido pode gerar fibroses, diminuindo a elasticidade
e a flexibilidade tecidual, e isso pode causar dores, rigidez, redução da
mobilidade ou da flexibilidade da região em questão.
Ingrid Dragone - Como evitar o
problema?
Leilane Paixão - A aderência
cicatricial é evitada através de uma boa ingestão hídrica e da mobilização cicatricial feita pelo fisioterapeuta para que os tecidos se
mantenham com boa mobilidade e irrigação sanguínea. Mulheres com complicações durante o parto ou que tiveram um parto mais demorado, como o de gravidez gemelar, tendem a desenvolver mais a fibrose.
Ingrid Dragone - Como a mulher descobre
que a causa da dor da coluna está relacionada à cicatrização da cesariana? Como
é dado o diagnóstico? Quais exames e avaliações são necessários?
Leilane Paixão - Geralmente o
diagnóstico das aderências é feito pelo exame físico, à palpação, mas pode ser
realizada uma tomografia computadorizada. O que a mulher deve observar é quando as dores lombares tiveram início. Se houver “coincidência” cronológica com o pós-parto cesariano, as chances de existir aderência são consideráveis, e ela deve
procurar um osteopata para tratar e diminuir a sobrecarga mecânica.
Ingrid Dragone - Como o fisioterapeuta pode ajudar nesses casos?
Leilane Paixão - O fisioterapeuta pode mobilizar a cicatriz, aumentando as chances de uma boa recuperação e diminuindo os riscos de fibroses.
Ingrid Dragone - A dor na coluna pela
cicatriz tem mais a ver com a predisposição da mulher, ou com um possível trabalho
“mal feito” do obstetra ou com a falta de orientação sobre os
cuidados necessários após o parto?
Leilane Paixão - A predisposição tem ligação com a genética, com
o momento emocional da mãe e, muitas vezes, com a desinformação sobre o pós-operatório.
Ingrid Dragone - Somente a lombar ou
outras regiões também são afetadas?
Leilane Paixão - O corpo é uma unidade
e, como tal, qualquer região pode ser afetada a longo prazo. Geralmente, a lombar
e o intestino (a paciente começa a apresentar constipação) são as áreas mais
atingidas.
Ingrid Dragone - Outro tratamento ou
atividade física são indicados para, paralelamente, ajudar a sanar o problema?
Leilane Paixão - Exercícios de
fortalecimento lombar, que trabalhem o músculo transverso do abdome, como o
pilates, são bastante indicados.
Ingrid Dragone - A cura da dor pode ser
completa?
Leilane
Paixão - Sim! Sanada a causa, ou seja, tratando a fibrose, a paciente não
sentirá mais dor. A longo prazo, uma aderência não tratada pode gerar maiores
problemas pelo estresse mecânico como, por exemplo, uma hérnia discal. Acontecendo
isso, o tratamento se prolonga um pouco mais.
Ingrid Dragone - Qual profissional está
habilitado para resolver o problema?
Leilane Paixão - Fisioterapeuta
especializado em osteopatia, terapias manuais ou dermato-funcional.
Leilane Paixão é fisioterapeuta pós-graduada em osteopatia, capacitada em drenagem linfática, reabilitação vestibular,
terapias manuais, ventosaterapia, dry needling, e cursa especialização em
acupuntura. Atualmente trabalha em uma clínica e faz atendimento domiciliar. Contato: lanepaixao@hotmail.com.
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Instagram: @blog.essamae
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