Na primeira vez em que ouvir falar em “Terrible Two”, sinceramente, achei que fosse “mimimi”, mas a “adolescência do bebê” existe. Os “terríveis dois anos”, conforme a expressão em inglês, é a fase em que a criança passa a se opor às solicitações e regras estabelecidas pelos pais. Entre 1 ano e meio e 3 anos de idade, normalmente, ela apresenta um comportamento diferente, com birras diante de situações contraditórias ao que ela deseja. Ela também pode começar a bater, a atirar o que tiver nas mãos, e a dizer não para tudo.
Esse comportamento
faz parte do desenvolvimento natural da criança. Trata-se do período em que ela
passa a se perceber como indivíduo, com vontades e opiniões próprias. A partir
de então, ela quer ter mais autonomia, fazer as próprias escolhas e tomar decisões,
independentemente das determinações dos pais, o que gera grande estresse na
família.
Algumas crianças
demonstram esse comportamento “desafiador” com mais intensidade do que outras.
Com a minha filha, por exemplo, quase nada aconteceu. Ela era realmente muito
tranquila. Com o meu filho? Eu falava: “filho, quer pipoca?”. Ele dizia: “não,
quero o caroço”. Esse caso é real (hahaha)! E quando ele se jogava no meio do
shopping? Perdi as contas de quantas vezes aconteceu! E sabe o que houve? A
fase, simplesmente, passou.
Daí você
me pergunta: como agir diante dessas situações? Não adianta agir com
agressividade. Só vai piorar o quadro. Primeiro, é necessário conversar com a
criança antes de sair, contar como será o passeio, o que vocês farão lá, como
ela deverá agir no local, e falar das consequências diante do comportamento
indesejado. Ela precisa saber que toda ação gera uma consequência. Sem tom de
ameaça, explique que dessa maneira vocês não poderão mais sair, por exemplo, ou
cite as demais consequências.
Durante a
birra, tire a criança do ambiente, chame a atenção dela para outra coisa, ignore
a birra, não grite ou a repreenda na frente dos outros para não gerar
constrangimentos, e ignore os olhares de reprovação. Após a birra, a criança
deve ser disciplinada, orientada. É importante que ela extravase suas emoções
para, em seguida, ouvir o que você tem a dizer. É fundamental que ela compreenda
o que fez.
E se a
criança bater em alguém quando contrariada? Essa atitude é uma reação a um
descontentamento. A criança deve ser contida. Depois, olhe bem nos olhos dela e
converse de maneira firme e paciente, dizendo que entende o seu aborrecimento,
mas que bater nos outros é um ato inaceitável.
Há casos ainda
em que a criança se machuca ao ser contrariada, bate no próprio rosto, arranha
os bracinhos, puxa os cabelos, ou algo parecido. Geralmente, a autoagressão é
uma tentativa de chamar a atenção dos adultos, porque costuma provocar comoção.
O ideal é conter a ação sem dar “ibope” e se certificar de que a criança está
em um ambiente seguro, porque ela pode voltar à autoagressão ou também pode
querer “bagunçar” o local. Se o comportamento autodestrutivo for muito
frequente, a criança pode estar com um problema emocional mais profundo, que exige
maior cuidado e tratamento.
Dica
importante: Certifique-se de que está tudo bem com a criança. Observe se ela
dormiu o tempo suficiente, se está bem alimentada, se está com calor, se ficou
exposta por muito tempo a algum aparelho eletrônico, se participou de alguma
atividade/brincadeira muito estimulante, enfim, avalie o dia e a rotina dela.
Se ela estiver cansada e/ou estressada, as chances desses episódios acontecerem
aumentam significativamente.
E
lembre-se! Assim como o adulto, a criança fica nervosa, frustrada, triste,
chateada. Muitas vezes, situações desagradáveis e sentimentos desconfortáveis
são podem ser evitados e, como você, ela vai aprender a lidar com isso. Ninguém
nasce sabendo expressar sentimentos e sabendo lidar com frustrações. O modo de
reagir às circunstâncias da vida é uma construção.
Saiba que
o seu filho precisa da sua compreensão. Respire fundo, afaste-se se você
estiver perdendo o autocontrole. Volte para conversar com seu filho, não deixe
as crises dele sem resposta, abra espaço para o diálogo, nomeie os sentimentos
dele, explique a razão das coisas, mas não exagere - muitas informações ele não
será capaz de administrar corretamente nessa idade.
Leia também:
Com qual conteúdo você preenche o seu filho?
Sua criança interior ferida está no controle da sua vida?
Mais conteúdos:
@blog.essamae
Comentários
Postar um comentário
Que bom ter a sua participação! Volte sempre!