A mesa do jantar está posta, mas não há ordem. As crianças não comem. As gargalhadas parecem não ter fim, assim como as migalhas de pão pelo chão da cozinha. Vez ou outra um dos filhos se levanta, vagueia pela casa e volta, sem respeitar o momento em família. No caos, alguém se excede e grita: "cheeeeega!". Alguém? Quem? A "louca" da mãe. Claro. E quais motivos ela teria para explodir daquela maneira? Afinal, ela só estava sem dormir por duas noites, monitorando a cria adoentada, além disso estava de TPM e tinha passado o dia inteiro só arrumando as coisas da casa e sanando as necessidades das suas crianças pequenas, enquanto seus cabelos permaneciam indesejavelmente sujos e as unhas por fazer. Que direito ela tinha de berrar daquela maneira, assustando a própria família e sendo mal-educada, mau exemplo, descontrolada e perturbadora da paz da vizinhança? Como ela podia ser tão sem noção, imprudente, amalucada mesmo? Aquele grito não foi causado pelo circo que se ins